Não aceitamos mais nenhuma morte

Na manhã desta segunda-feira (13), Antonio Bertolucci, empresário de 68 anos, foi atropelado por um ônibus quando andava de bicicleta no acesso à Avenida Sumaré, em frente à Praça Caetano Fraccaroli, na Zona Oeste de São Paulo. A família está arrasada e pede para que quem pedala na cidade se mobilize para evitar que tragédias como esta se repitam. Uma manifestação de indignação e solidariedade foi marcada para hoje, às 19h, no local do acidente.

NÃO ACEITAMOS MAIS NENHUMA MORTE.

Bertolucci era um ciclista experiente e apaixonado por bicicletas, segundo a família contou para a Aline Cavalcante, amiga querida que foi até o 14º Distrito Policial, onde o caso foi encaminhado, para prestar solidariedade. O motorista do ônibus alega que ele estava em um ponto-cego. O impacto foi tão violento que, mesmo tendo sido encaminhado para o Hospital das Clínicas, do lado de onde a tragédia aconteceu ele morreu. Tivesse respeitado a distância mínima de 1,5 metros, que deve ser observada ao ultrapassar ciclistas segundo o Código Brasileiro de Trânsito, talvez o motorista tivesse conseguido desviar. Tivesse diminuído a velocidade ao visualizar Bertolucci, talvez o motorista tivesse conseguido evitar o luto de mais uma família.

NÃO ACEITAMOS MAIS NENHUMA MORTE.

Chega. É hora de São Paulo mudar de uma vez. O sistema de transporte baseado em loucas avenidas com gente acelerando para todo canto não funciona; é lento, congestiona, poluí e mata a cidade. Queremos mudanças e queremos mudanças já. Queremos cidades com sistemas de transporte coletivo eficientes, calçadas largas, ciclovias, rotas com trânsito compartilhado, sinalização e velocidade reduzida. Queremos mais espaço para bicicletas e pessoas, e menos para quem gosta de brincar de corrida. Exigimos respeito.

NÃO ACEITAMOS MAIS NENHUMA MORTE.

Bicicletas em São Paulo são realidade e merecem atenção do poder público. É preciso oficializar as ciclo-rotas da cidade, é preciso sinalizar e orientar os motoristas quanto ao compartilhamento de vias e à necessidade de cuidado e respeito com os veículos menores. É preciso punir quem não respeitar a distância de 1,5 metros ao ultrapassar ciclistas (ou esperar para fazer uma ultrapassagem segura, quando é o caso). É preciso acabar com a imprudência de quem dirige máquinas de toneladas e age como se a pressa valesse mais do que a vida.

NÃO ACEITAMOS MAIS NENHUMA MORTE.

Solidariedade com a família.

Leia também (links sendo adicionados ao longo do dia):
página wiki sobre o acidente, na bicicletada.org
luto, no PsCycle
ciclista morre atropelado, no Estadão
chega de mortes, no vádebike.org
presidente do conselho da Lorenzetti morre atropelado, na Folha
apaixonado por bicicletas, ciclista fazia o mesmo trajeto a décadas, no Estadão

 

17 Respostas to “Não aceitamos mais nenhuma morte”


  1. 1 Mayra Caju Warren 13/06/2011 às 4:02 pm

    Que triste! Minha solidariedade aos familiares do Sr. Antônio Bertolucci. Nenhuma morte pode ser aceita. Não moro em São Paulo, mas aqui em Floripa enfrentamos o mesmo desrespeito. Não dá mais pra se calar…

  2. 2 Fernando 13/06/2011 às 4:17 pm

    isso é muito triste. a cada morte de um ciclista, centenas desistem de adotar a prática

  3. 3 Cristina Amazonas 13/06/2011 às 5:36 pm

    isso já não é apenas mais triste mas sim TRÁGICO !
    Pedalo no Rio de Janeiro e aqui tb é assustadora a violência contra ciclistas.
    Meu apoio, carinho e solidariedade aos familiares do Sr. Antonio.

  4. 4 Melissa 13/06/2011 às 5:36 pm

    Triste e revoltante. Sou de Porto Alegre e mando solidariedade à família. Motoristas de ônibus deveriam ser exemplares, mas vejo muitos que andam descontrolados, sem dar a mínima pra ciclistas e pedestres. E o pior é que isso é tratado como normal. Pegaram os dados do ônibus?

  5. 6 Hugo Penteado 13/06/2011 às 6:54 pm

    Eu sou um ciclista urbano. Já escrevi ao prefeito Kassab, a carta foi entregue em suas mãos através do seu sobrinho que trabalha comigo. Até agora nenhuma resposta. Os ônibus e táxis são responsabilidade legal da prefeitura. Os ônibus e os táxis tiram fina dos ciclistas, buzinam, perseguem, enfim ameaçam a vida. Alguém precisa adotar medidas enérgicas. Motoristas particulares são os que menos causam problemas, mas também causam. Os ciclistas, por sua vez, precisam ser assessorados como eu fui pelo Daniel Pasqualini e pelo Leandro Valverdes: andar pelas bordas, trajeto cuidadoso, evitar avenidas e principalmente ônibus. Eu vou da Paulista até final da JK todos os dias, se eu for assassinado, fica aqui meu protesto.

  6. 7 celson santana 13/06/2011 às 9:27 pm

    absurdo um pais cheio de leis e multas aplicadas,nao ter ciclovias em avenidas de grandes percursos. sou freeraider e ando as vezes pulando passeio para ñao morrer.

  7. 8 Ana 13/06/2011 às 10:53 pm

    Sentimentos à família e todo apoio daqu de Salvador!

    Não aceitamos mais mortes! Não foi acidente!

    Ana Elisa

  8. 9 Mozart Faggi 14/06/2011 às 1:34 am

    Com a autorização do editor , divulgarei esta reportagem com todos os critérios indicando o link.
    Sou ciclista a 35 anos e quero ser mais 35… estou com meus 45 anos e fui atropelado brutalmente por um carro recentemente no dia 25/5… O que eu sei fazer de melhor é saber cair, fato importante… mas nessa eu estava vendo minhas pernas indo pro belelelu, pois foi uma batida eu de lado e o carro na velocidade na subida… oras… qualquer carro brecaria se estivesse indo na velocidade correta em uma rua que quase não há tráfego, já a bicicleta não pois todos que estavam no correio viram e deu depoimento, eu parei, olhei e dei a primeira pedalada mas freei na frente do carro.
    Estou indignado com estes motoristas que falam ao telefone enquanto dirigem, que bebem, perdendo a noção de tempo e espaço e fazendo o que fez… esta morte não será em vão meus amigos… juro que não. Transmitam ao @pedalgoiano e ao @vicentinhoPT e ao @ciclonauta… divulguem para o @euvoudebike pois são os mais atuantes na questão… eu sou @mozartfaggi

  9. 10 Carolina Pinheiro 14/06/2011 às 9:47 am

    Sinto-me impotente diante de uma realidade imperativa, a morte de Antônio. Por mais que deixemos os nossos pesares, não há palavras de conforto que tragam a vida que se perdeu nas mãos de mais uma motorista irresponsável de volta. Pergunto-me até quando teremos que conviver com esta impunidade vexatória no trânsito. Esse cara será condenado pelo crime que cometeu? Provavelmente não. Constatar sobre o quão distantes estamos de uma solução para este caos quase me tira a esperança.

  10. 11 canarioflying 14/06/2011 às 4:49 pm

    É muito triste! Respeito ao ciclistas já!!!

  11. 12 Bach 14/06/2011 às 11:03 pm

    Deixo aqui meus sentimentos a familia e a minha indignação. Quando é que a nossa cidade vai deixar de ter tanta violência????? Até quando as autoridades vão tampar os olhos????

  12. 13 fatima burlamaqui 15/06/2011 às 1:11 pm

    Não podemos mais tolerar o pouco caso do poder público paulistano, que prioriza a cidade para os carros, sem regulamentações e diretrizes sérias ao transporte alternativo. Minhas condolências à família do sr. Bertolucci.


  1. 1 Antonio Bertolucci Ciclista | carbono zero courier Trackback em 13/06/2011 às 8:50 pm
  2. 2 a brancura das bicicletas | as bicicletas Trackback em 14/06/2011 às 2:39 am
  3. 3 Leitores de todo o Brasil se solidarizam com família Bertolucci « Outras Vias Trackback em 15/06/2011 às 10:53 am
  4. 4 A violência do medo « Outras Vias Trackback em 22/06/2011 às 1:48 pm

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Os autores

Daniel Santini é jornalista, tem 31 anos e pedala uma bicicleta vermelha em São Paulo. Também colaboram no blog Gisele Brito e Thiago Benicchio.

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