Em outubro, o prefeito Gilberto Kassab (DEM-SP) negou que o aumento da passagem de ônibus em São Paulo havia sido programado para o final do ano. Após os repórteres Bruno Ribeiro e Diego Zanchetta cravarem que ela subiria para R$ 2,90 em dezembro, ele concedeu uma coletiva de imprensa e garantiu que não havia nada decidido (é possível ouvi-lo neste vídeo no G1). Kassab foi mais longe, disse que poderia até baixar a tarifa, ideia que o OutrasVias abraçou com entusiasmo.
Pois bem, hoje, durante vistoria de obras no Córrego Aricanduva, na zona leste, o prefeito anunciou que não haverá redução. Pelo contrário, de R$ 2,70, a passagem de ônibus passará a custar R$ 3 a partir da 0h de 5 de janeiro.
Prefeito, o senhor falou que poderia até baixar a tarifa e que em outubro não havia nada decidido para o final do ano. Enganou a gente direitinho, hein!
O preço de tal decisão
Como destacado quando este blog defendeu que o prefeito baixasse a tarifa, entre todas as grandes cidades brasileiras, São Paulo é a que tem a mais cara do Brasil. No site da Associação Nacional de Transportes Públicos, tem um levantamento completo atualizado em outubro de todas as capitais com mais de 500 mil habitantes, bem como o histórico dos últimos cinco anos.
Não por acaso, São Paulo tem colecionado recordes de congestionamento. A decisão de aumentar o custo do transporte público certamente levará mais gente a abandonar o sistema para optar por transporte individual. O que fará as ruas ficarem mais cheias de carros e os ônibus mais vazios. O trânsito ficará pior e os ônibus demorarão mais.
E, de novo, mais gente optará pelo transporte individual. Com menos passageiros, será preciso aumentar a passagem de novo para compensar. E o trânsito ficará pior e… bom, acho que o senhor já entendeu, não prefeito?
Assim como da outra vez, fica aberto o espaço para que o senhor explicar por que, com índices de poluição alarmantes e todos os sinais claros de colapso da política que prevê a priorização do transporte individual, devemos reforçá-la com a construção de pontes, a ampliação de avenidas e o aumento do custo do transporte público.