Quais as propostas do seu candidato?

No próximo domingo, dia 3, acontecem as eleições para presidente, dois senadores, governador, deputado federal e deputado estadual. Você já leu as propostas dos seus candidatos? No site do Tribunal Superior Eleitoral é possível consultar os principais pontos das plataformas de governo dos que pretendem assumir cargos públicos no país.

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Com o intuito de ajudar no debate construtivo de ideias e projetos políticos, o OutrasVias apresenta abaixo um breve resumo das propostas dos candidatos a governador de São Paulo na área de transportes. Todos os pontos podem ser consultados no projeto original, conforme os links.

Que o material sirva não só para ajudar na escolha, mas também para podermos cobrar de quem ficar com o cargo a implementação ou adequação de políticas públicas para a cidade que queremos construir/viver.  Apenas dois candidatos, Fábio Feldman (PV) e Paulo Bufalo (Psol)  falam em ampliar os sistemas cicloviários. Os grifos nas propostas, o resumo e a apresentação são meus.

Para escolher presidente, senadores e deputados, vale pesquisar mais sobre os candidatos. Mesmo que já tenha se decidido, não custa checar posicionamentos sobre questões importantes como ficha limpa e luta contra a escravidão, só para citar dois exemplos; e também conferir o currículo dos que já exerceram cargos públicos antes.

As propostas de transportes e mobilidade dos candidatos a governador de São Paulo, em ordem alfabética:

Anai Caproni (PCO) – número 29 – na página no TSE não consta proposta

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Aloísio Mercadante (PT) – número 13 – proposta de governo na íntegra

Critica a falta de investimentos dos últimos governos em “projetos estruturantes”, a falta de atenção com o transporte ferroviário e a privatização da FEPASA. Promete reativar e priorizar o transporte ferroviário de passageiros e de cargas, concluir o Rodoanel, revitalizar a Hidrovia Tietê-Paraná, instalar um trem de alta velocidade que ligará Campinas, São Paulo, Guarulhos e São José dos Campos, além de trens rápidos nos ramais de Sorocaba, Ribeirão Preto e Bauru. Fala ainda em “um Ferroanel priorizando o trecho Sul, melhorando não só o transporte de cargas no estado, mas também diminuindo o tempo de viagem dos passageiros da rede CPTM”, em duplicar a Rodovia dos Tamoios e ampliar o Porto de São Sebastião. Também faz críticas aos custos indiretos que a rede de pedágios nas estradas e promete “revisar os contratos das concessões de rodovias, pelo exercício da cláusula de equilíbrio econômico financeiro, em favor do consumidor”. Ao tratar de transporte público, chama atenção para a situação “caótica” da Região Metropolitana da capital e o para o tempo que a população perde no trânsito. Fala da saturação do metrô e da rede da CPTM e critica o ritmo das obras de ampliação. Promete na Região Metropolitana “prioridade absoluta aos transportes de alta capacidade (metrô e trem), cujas malhas devem ser articuladas e complementadas por corredores exclusivos de ônibus e sistemas de metrô de baixa capacidade (Veículo Leve sobre Trilhos e Monotrilhos)”. Fala em modernizar linhas da CPTM, transformando-as em Metrô de superfície, e também em um Trem Metropolitano de Guarulhos, em planejar e implantar corredores de ônibus e VLT. Nas demais regiões, promete priorizar o “Corredor Metropolitano Noroeste (Região de Campinas) e Sistema Integrado Metropolitano (SIM) – (Regiões de Campinas e Baixada Santista).” Lembra da acessibilidade tanto nas vias públicas quanto nos meios de transporte público; fala em treinar funcionários e adaptar equipamentos públicos para tornar a cidade mais acessível.

Nenhuma linha sobre bicicletas.

Celso Russomano (PP) – número 11 – proposta de governo na íntegra

Nenhuma linha sobre transportes.

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Fábio Feldman (PV) – número 43 – proposta de governo na íntegra
Associa mudanças na política de transportes ao desenvolvimento sustentável e à melhora na qualidade de vida, destacando o impacto das emissões de dióxido de carbono derivadas consumo de “energia fóssil (carvão, petróleo e derivados de petróleo)”. Ressalta que “o setor de transporte rodoviário sozinho é responsável por 30% dessas emissões” e que “por isso esse é o primeiro ponto a ser enfrentado.” Destaca que há “excesso de veículos transportando uma só pessoa parados em congestionamentos, caminhões transportando cargas pesadas em vias urbanas, horários de pico de trânsito mal escalonados, veículos desregulados e tecnologia obsoleta”, e defende que São Paulo pode substituir “vigorosamente” a gasolina pelo etanol porque o estado concentra a produção de álcool – incluída aí a utilização também em ônibus. Aponta ainda como alternativas o biodiesel e o uso de eletricidade, com investimento em “veículos híbridos, elétricos, trólebus, bondes modernos (como os trams europeus) e metrô”. Promete expandir o metrô e faz uma crítica fundamentada em dados e estatísticas do subaproveitamento do sistema. Chama atenção para o uso de veículos motorizados na Região Metropolitana, ao mesmo tempo em que boa parte da população anda a pé, o que associa “a face cruel da má distribuição de renda”. Destaca o impacto ambiental e de saúde provocado pela circulação de tantos automóveis. Sobre transportes de carga, promete investir em ferrovias, hidrovias e dutovias em substituição ao uso de caminhões, “muitas vezes obsoletos, poluentes, que com frequência atravessam a cidade de São Paulo para transportar cargas que vêm do Centro-Oeste do país para o Porto de Santos”. Critica a falta de atenção com o Plano Diretor de Transporte “ainda é tratado como uma ficção” – promete implementá-lo para diminuir o custo do transporte de mercadorias. Fala ainda em utilizar o rio Tietê para transporte de cargas, turismo e lazer, inclusive na área metropolitana. Promete combinar hidrovia, ferrovia e rodovia. Fala em “rever o sistema de concessão de nossas ferrovias, construir terminais intermodais de carga, estabelecer diretrizes mandatórias para o transporte em geral”. Elogia o rodízio de veículos na capital e promete “vontade política” para trabalhar por projetos do gênero, o que apresenta como “determinação, enfrentamento de pressões de grupos de interesse seguindo princípios baseados na ética e no bem de todos”. Defende ainda que reduzir as emissões de carbono não limitaria o desenvolvimento do Estado, destacando que uso de energia de maneira mais eficiente reduzirá os gastos e diz que é fundamental questionar os rumos “em tempos de pré-sal”, lembrando que “estão em jogo investimentos de vulto por parte de toda a sociedade em um negócio concentrado, riscos ambientais e geopolíticos decorrentes de uma atividade econômica ancorada no petróleo e falta de inovação em outros setores”. Promete ainda favorecer a adoção de novas tecnologias e processos de transporte mais limpos e eficientes, criar uma Agência Reguladora de Transportes Coletivos para as Regiões Metropolitanas para “integrar modais, otimizar frotas e itinerários e reduzir o tempo de viagens”. Fala ainda em “ampliar a oferta de ciclofaixas, ciclovias e ligações intermodais que facilitem o uso da bicicleta nos deslocamentos urbanos”.

Geraldo Alckmin (PSDB) – número 45 – proposta de governo na íntegra
Destaca a ampliação da rede de trens e metrô, o aumento no uso do transporte coletivo na Região Metropolitana e as melhorias na rede rodoviária do Estado. Fala em “implementar as medidas necessárias para cumprir os compromissos expressos na recente Lei Paulista de Mudanças Climáticas”, e em “diminuir a emissão de CO2 na atmosfera estimulando principalmente o transporte de carga e de passageiros sobre trilhos”. Promete ampliar a rede de metrô e modernizar as linhas da CPTM, transformando-as em padrão de Metrô de superfície. Promete viabilizar, junto com governo federal e iniciativa privada, trechos sul e norte do Ferroanel. Também fala em apoiar expansão de ferrovias, “em especial, nas regiões de Campinas, Vale do Paraíba e Metropolitana de São Paulo”; em pressionar pela construção do terceiro terminal no Aeroporto de Guarulhos e viabilizar o Expresso Aeroporto, um trem metropolitano até Guarulhos. Promete fazer Veículo Leve sobre Trilhos na Baixada Santista, concluir o Corredor Noroeste na região metropolitanade Campinas, ampliar integração de diferentes modais de transporte para estimular o transporte coletivo, ampliar e modernizar os portos. Sobre aeroportos, promete lutar pela ampliação e modernização dos federais em Guarulhos e Campinas e fortalecer e melhorar os aeroportos sob administração do Estado. Também fala em ampliar a malha rodoviária, em realizar o rodoanel Leste e Norte, pavimentar estradas vicinais, reforçar a Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo – ARTESP, “para garantir a fiscalização adequada das concessões rodoviárias e o equilíbrio econômico das tarifas e contratos”, trabalhar com “dutovias” e em “fortalecer a Hidrovia Tietê-Paraná, ampliando sua capacidade operacional”.

Nenhuma linha sobre bicicletas.

Igor Grabois (PCB) – número 21 – proposta de governo na íntegra
Defende que os transportes públicos devem “ter caráter predominantemente estatal, de acesso universal e alta qualidade, com o aumento radical de sua participação nos orçamentos e com a instauração de mecanismos de controle direto pelos trabalhadores”. Promete transporte de qualidade com ênfase no metrô e veículos leves sobre trilhos, fala em planejamento integrado de transportes, estatização das ferrovias e reestatização dos portos. Defende que a prioridade deve ser o desenvolvimento dos modos de transporte ferroviário e aquaviário e promete construir uma rede nos dois modais para transportar produtos industrializados e mercadorias em geral.

Nenhuma linha sobre bicicletas.

Mancha (Pstu) – número 16 – proposta de governo na íntegra
Transporte 100% público e estatal! Redução imediata das tarifas de transporte!

Nenhuma linha sobre bicicletas.

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Paulo Bufalo (Psol) – número 50 – proposta de governo na íntregra
Propõe o “estabelecimento de um sistema de transporte prioritariamente público, com moratória da expansão viária nas cidades e redirecionamento dos investimentos para o transporte público coletivo”. Defende que São Paulo e referência para o Brasil e que é preciso repensar a industrialização baseada na indústria automobilística. Coloca que “qualquer proposta de outra vocação para São Paulo (e para o Brasil) será cosmética se não alterar a matriz de energia e transportes e as relações da economia nacional com o mercado mundial” e, a partir deste ponto, defende que “a matriz de transportes rodoviarista já atingiu seu ápice e qualquer expansão posterior envolve uma regressão da sua funcionalidade”. Critica os estímulos às montadoras, citando que “quando estourou a crise econômica internacional em 2008, tanto Lula com Serra competiram nos incentivos fiscais à produção de automóveis, sem exigir nenhuma contrapartida seja em eficácia energética (como fez o governo norte-americano), seja em prioridade para o transporte coletivo.” Propõe “políticas de desestímulo ao uso do automóvel (impostos para os veículos 4×4, a diesel ou de maior cilindragem) e expansão dos sistemas e deslocamentos por trem, metrô e ônibus”, ressaltando que é sim possível expandir os sistemas rapidamente, inclusive os sob trilhos. Defende um sistema intermodal integrado, não apenas na Região Metropolitana, mas também no Vale do Paraíba e região de Campinas. Defende o mesmo raciocínio para o transporte interurbano de cargas, com uma rede de ferrovias e hidrovias. Promete banir o uso do diesel em regiões urbanas e “reverter a deterioração da qualidade de vida dos paulistanos em especial mas dos paulistas em geral restringindo a expansão do sistema viário e o uso dos automóveis e das motocicletas”. Isso, por meio de fiscalização e implementação de “sistemas de transportes públicos baratos e de qualidade, em especial sobre trilhos”. Promete “generalizar a criação de ciclovias e o deslocamento em bicicletas para trajetos curtos em boa parte do estado”.

Paulo Skaf (PSB) – número 40 – proposta de governo na íntegra
Promete oferecer transporte de “qualidade, seguro, eficiente e confortável”, por meio de investimentos no metrô, corredores de ônibus e no Bus Rapid Transit, este último com recursos do Governo Federal no PAC 2 antes da Copa de 2014. Promete ainda atualizar informações das Pesquisas Origem-Destino, monitoramento por GPS,  estudos de trajetos e linhas “com base na compreensão da articulação entre uso do solo-transporte-trânsito”. Credita à falta de informação atualizada, má-gestão e falta de planejamento os “problemas como superlotação de veículos; longo tempo de espera, congestionamentos dentre outros”. Apesar de prometer incentivar outros modais além do rodoviário, promete remover os “gargalos existentes na malha rodoviária”, com obras como a “finalização do Rodoanel com a construção do trecho Sul e a viabilização do trecho Norte”, a interligação da avenida Jacu-Pêssego à Rodovia Ayrton Senna, a construção de um “Macro Anel (anel rodoviário superior ao Rodoanel) com a duplicação do trecho Sorocaba-Juquiá-Santos”, e a recuperação das vicinais. Também fala em melhoria aos acessos do porto de Santos e duplicação da rodovia Tamoios “para melhorar o acesso ao porto de São Sebastião”. Promete ainda ampliar a utilização da hidrovia Tietê-Paraná, como forma de diminuir o número de caminhões nas estradas e melhorar o trânsito. Para isso, fala em aumentar altura de pontes, construir eclusas e terminais multimodais, tudo por meio de um “modelo de concessão”. Na área de ferrovias, defende que São Paulo possui boa cobertura, mas com problemas de diferença das bitolas e na concorrência entre transporte de passageiros e cargas na capital. Promete priorizar a construção do trecho Sul do Ferroanel e uma via exclusiva para cargas nos trechos Engenheiro Manoel Feio-Suzano e Rio Grande da Serra-Ipiranga. Também promete que, construir uma linha rápida entre Cumbica e Viracopos “se o Trem de Alta Velocidade não for implantado pelo Governo Federal”. Tal interligação é apresentada como solução para o problema aeroportuário de São Paulo”, que deve ser feita junto com ampliação e modernização dos aeroportos. Promete ainda incentivar o aumento da frota de motocicletas flex.

Nenhuma linha sobre bicicletas.

3 Respostas to “Quais as propostas do seu candidato?”


  1. 1 Tom Bike 30/09/2010 às 12:40 pm

    Procurei as palavras “bicicleta” & “ciclovia” nas propostas de todos os candidatos à presidência. A única que fala nisso é a Marina: “h.Mobilidade urbana saudável: Incorporar a bicicleta como meio transporte e criar condições para seu uso seguro (ciclofaixas, ciclovias, ligações intermodais).”

    O resto parece um campeonato de natação:
    dilma nada,
    serra nada,
    zé maria nada
    plínio nada
    levy nada

  2. 2 Julia 30/09/2010 às 4:51 pm

    Caro Tom,
    Ao invés de dar apenas o “ctrl L” nos documentos, vale a pena ler de fato as propostas. No âmbito estadual, que lida mais concretamente com a questão da mobilidade urbana, a proposta do Paulo Bufalo do PSol (partidário de Plínio) é anos luz mas progressista que a do Fábio Feldman do PV, candidato de Marina. Abraço!

  3. 3 eduardomerge 30/09/2010 às 10:51 pm

    Falar de bike para o próximo Legislativo de São Paulo… É Walter Feldman Federal nº4570 e Marcos Mazzaron Estadual nº14567, verdadeiros realizadores.


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Os autores

Daniel Santini é jornalista, tem 31 anos e pedala uma bicicleta vermelha em São Paulo. Também colaboram no blog Gisele Brito e Thiago Benicchio.

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