Mesmo sem inauguração oficial, o trecho novo de 10 km da CicloFaixa de Lazer de São Paulo começou a funcionar neste domingo, dia 16. A Prefeitura providenciou a pintura das faixas e sinalização indicando o espaço reservado para circulação exclusiva de bicicletas a partir do dia 23. A nova CicloFaixa funcionará sempre aos domingos, das 7h às 14h, como nos demais trechos.
Tudo foi preparado para que a Prefeitura e a Bradesco Seguros, empresa que patrocina a iniciativa, pudessem entregar o novo trajeto como um presente para a cidade justamente no dia 23, domingo que antecede o aniversário de São Paulo. A capital faz 457 anos na terça-feira, dia 25. Só que ninguém quis esperar.
Bastou a sinalização da futura CicloFaixa para centenas de pessoas ocuparem o espaço e pedalarem sem medo dos carros. Mesmo sem os cones e os fiscais normalmente contratados, os motoristas respeitaram a divisão e não invadiram o espaço. O Willian Cruz, do blog Vádebike.org, registrou o momento como dá para ver nas fotos que ilustram esse texto.
Poder público
A demanda por outras vias de locomoção, por lazer e por qualidade de vida só aumenta em São Paulo. Os parques da cidade cada vez mais lotados em dias ensolarados são um sinal disso. O número de grupos de passeios de bicicleta crescente é outro.
Deu para sentir isso claramente no domingo anterior ao da “invasão” da CicloFaixa, quando cruzei por acaso com o pessoal da Olavo Bikers justamente em um trecho onde seria pintada uma das novas CicloFaixas e decidi acompanhá-los. Conversando com os participantes, deu para ouvir sobre inúmeros grupos de pedais noturnos que todos os dias saem para girar por São Paulo. E deu para ouvir várias vezes frases do tipo: “eu bem que gostaria de ir para o trabalho pedalando”.
A falta de rotas adequadas para bicicletas desencoraja muita gente. Medidas simples poderiam resolver a questão. Não é necessário separar e segregar com ciclovias todos os trajetos, o que custaria uma fortuna. Ciclovias são importante sim em avenidas em que os carros andam em alta velocidade. Mas este tipo de avenida deve ser exceção e não regra em cidades projetadas para pessoas. Indicar faixas compartilhadas, sinalizar e criar uma cultura de respeito no trânsito, onde o maior defende e protege o menor, são passos necessários no caminho rumo a um novo modelo de cidade.
Demanda para isso existe.
E, só para registro, é nesse contexto que o secretário de Transportes Metropolitanos Jurandir Fernandes primeiro ameaçou acabar com o aluguel de bicicletas na rede do Metrô de São Paulo e depois anunciou que o UseBike não será mantido (em entrevista à Rádio Bandeirantes).
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