Por Aline Cavalcante*
Já tem tempo que desacredito nessas associações entre mulher e fragilidade. E a inspiração sempre foi minha mãe que enfrenta as dificuldades diárias com mais coragem, força e garra que muitos homens por aí. Largar o colinho dela não foi fácil e encarar a cidade grande – sozinha – menos ainda.
Na luta por uma rotina saudável, acabei trombando com a bicicleta e foi amor à primeira vista. Pedalar na cidade, como meio de transporte, me pareceu a idéia mais genial e idiota que tive ao mesmo tempo: ainda que parecendo óbvia a eficiência da bike em meus trajetos (de 10km no máximo) tava na cara também que ninguém apoiaria, pois o trânsito não é nada convidativo. Mas dane-se! Eu queria experimentar, sentir, formar opinião. E isso ninguém mudaria.
Comecei alugando aquelas bicicletas do Use Bike, no metrô, e fazia os caminhos nos finais de semana para conhecer rotas alternativas e perder o medo dos carros. Pouco tempo depois comprei minha primeira filhota (batizada de Amelie) e conheci os primeiros e fundamentais amigos da magrela – ela aproxima as pessoas. De lá pra cá os tempos de solidão (causados pela readaptação à cidade) e sedentarismo foram pro espaço! De quebra passei a admirar mais São Paulo, ver beleza e vida onde só enxergava cinza e stress.
Confesso que sempre gostei de praticar esportes, mas utilizar a bike como principal meio de locomoção, definitivamente não estava em meus planos. O carro que ganhei de presente de formatura, perdeu espaço na minha vida e se transformou em outra bicicleta incrível (batizada de Benedito, é bike-menino sim), além de uma poupança no banco mais gordinha.
Fato é, gostar de esportes só ajudou na inquietação frente à acomodação tão estimulada hoje em dia, que fez e faz as pessoas largarem hábitos saudáveis, como caminhar e correr, para viverem atoladas numa bolha de metal pra ir até na padaria da esquina.
Sim, o trânsito de São Paulo é um caos, é perigoso, é machista e injusto. Não vou dizer o contrário, os jornais não deixam. Mas posso dizer com propriedade que É POSSÍVEL ser e fazer diferente!! Basta ter vontade, atitude e iniciativa. O simples ato de deixar o automóvel de lado e encarar as ruas da cidade com uma bicicleta tem força incalculável.
Representa o descontentamento com o modelo de sociedade estabelecido, representa a esperança que um dia o trânsito mate menos pessoas, representa a simples opção de querer me locomover do jeito que eu quiser. E se você prefere sair de carro, moto, ônibus, trem ou avião, respeite quem decidiu ir de bicicleta até o trabalho, escola ou parque. Por que a rua é de todos e o direito de ir e vir também.
Nesse contexto conheci as Pedalinas – coletivo de meninas que pedalam urbanamente em SP – e fez toda a diferença trocar experiências com garotas que sentem os mesmos prazeres e dificuldades que eu. Nos reunimos todo primeiro sábado do mês, a partir das 14:30 na Praça do Ciclista.
Fico feliz a cada nova bicicleta que cruzo, mas fico radiante quando em cima dela tem uma mulher. Espero poder influenciar mais e mais meninas que, assim como eu, acreditam e querem uma vida mais legal, alegre, cheia cores e amigos!
Cada um escolhe por quais rumos seguir e que caminhos trilhar. E independente da opção: Eu vou de bike!
Bate-papo com as Pedalinas
Domingo, dia 11/07, eu e mais outras Pedalinas estaremos no Espaço Impróprio (Rua Dona Antônia de Queiroz, 40, esquina com a Augusta), a partir das 18h para falar sobre como é ser mulher e ciclista no espaço urbano. A palestra é aberta a todos – ambos os sexos. Lembrando que bicicletas são sempre bem vindas. Participe, tire suas dúvidas, conheça e respeite quem fez da bicicleta um estilo de vida.
Visite o site das Pedalinas
* Aline Cavalcante é ciclista, jornalista, nasceu em Brasília mas é sergipana de coração. Faz pós em Jornalismo Multimídia, mora em São Paulo há 2 anos, é integrante do CicloBR e da Associação de Ciclistas Urbanos de SP (Ciclocidade), e luta por uma cidade mais humana. Pode ser contatada no e-mail alinizinhazona@gmail.com e no twitter @pedaline
Sensacional!!!! Acho incrível mulheres que andam de bicicleta em SP! Baita coragem e determinação!
Parabéns Aline. Que outras mulheres se inspirem em você=)
Beijos,
Evelyn
Oi, pequena gigante
As mulheres pedalando nas ruas, não fosse pela graça(meu lado machista, sincero, mas provocador aqui, rs), são estratégicas(meu lado pragmático).
Porque elas são a evidência do que é possível fazer de bicicleta em São Paulo. Se a mulher é vista equivocadamente quase sempre pela “fragilidade”, então vê-la pedalando nas ruas convenientemente humaniza muito a cena(pragmatismo oportunista meu).
Nem todas se sentem uma Aline nas ruas, tomadas da confiança, do entusiamo que faz avançar sobre o que querem, mas é assim, as precursoras dão às demais a confiança necessária. Porque dificilmente um homem pedalando serve de incentivo para uma mulher bailar com confiança entre os carros por aqui, falo por experiências sem sucesso. É questão de identificação.
Já muitas mulheres pedalando pode ter efeito sobre todos os motoristas em geral. Aproveitemos descaradamente.
Uma felicidade sem tamanho enquanto em sampa estiver, é o que quero para você.
bj Márcio Campos
Ae Alineeeee!
Guerreira!
Demais o post, coloquei lá no Igualvocê.
Com certeza vai incentivar muitas garotas que ainda tem algum receio.
😉
Lembro da primeira vez que disse pra minha mãe que eu ia sair pedalando por ai. Ela olhou bem sério e disse que eu podia ir, mas que não ultrapasse o quintal. Agora tenho nela a minha maior incentivadora.
=)
E também admiro muito a determinação da Aline. Fé em Deus e força no pedal Aline= @pedaline
Abraços
@julinelpa
Juliane Oliveira
É nóis nas vias!!!rs
Amiga bjs
Aline
É realmente impressionante como a bicicleta aproxima as pessoas. Conheci várias pessoas ao começar a partiricipar de passeios em trilhas em torno de Belém-PA.
Abaixo o site do grupo do qual faço parte:
http://www.eart.esp.br/index2.php
Estou iniciando nesta jornada também. Obrigado pela inspiração. bjuz
parabens!!!!
um carro a menos na rua é uma pessoa a menos estressada atras do volante!parabens por levantar essa bandeira. ABRAÇOS ANDRE.